sexta-feira, 13 de maio de 2016

agonizante

vaza
vaza corrimento de outono
encharca os lençóis
vaza no colchão
fertiliza de ácaros
o que virou maca

desterra meus órgãos
em nome desses àfora
que querem
e sabem
que continuam sãos

sofro de Brasil, nêgo!

vaza
vaza catarro de vento
seca a pele do país
purifica o algodão
agulha a tensão
dor e gritos de rancor
e ódio colonizado
como câncer da nação

vaza diarreia
vaza putrefação
Mãe Terra fez do feto
um Bolsonaro em ação
pra identificar os carrapatos
que fazem morrer o bom senso e a noção

(e um demônio nunca vem sozinho)

São folhas que caem
folhas de leis e artigos distantes
inúteis folhas secas

proteger as raízes
dizem
mas desprezar as flores
fazem

E um corpo que se odeia
está fadado a definhar
adquirir alguma doença
que culminou na ferida
que nos trouxe até aqui

que vaze então
vaze e limpe o pulmão
e sare essa desolação

que não banhe com nuvem negra
a chuva ácida que vem nos enganar

E é o vício a segurar
a saúde a agonizar
reivindica seu espaço
ao nos fazer vomitar.

versos de outono
sacam meus obsessores
e façam algo valer a pena
por
favor.

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